O Bom Pastor:

Formação do Clero da Arquidiocese de Braga

28.4.07

«Posso contar contigo?»





«Eis-me aqui Ó Deus, para fazer a tua vontade»
Mensagem de D. António Francisco dos Santos, Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios para a Semana de Oração pelas Vocações

1. Na continuidade da proposta iniciada na Mensagem do ano passado, o Santo Padre oferece-nos uma oportuna reflexão para a próxima Semana Mundial de Oração pelas Vocações, a celebrar de 22 a 29 de Abril de 2007, voltada para o tema: a vocação ao serviço da Igreja – Comunhão.

Fundando-se a missão da Igreja na «comunhão intima e fiel com Deus» e encontrando na Eucaristia a fonte permanente e viva da unidade eclesial, é imperioso que toda a acção pastoral e o cuidado concreto das vocações se enraízem em permanência no mistério da Igreja – Comunhão.

2. A alegoria da videira e dos ramos, de que nos fala Jesus no capítulo 15 de S. João, e o seu convite imperativo: «permanecei em Mim», ajudam-nos a compreender a urgência desta união a Cristo e desta comunhão eclesial.

Jesus toca-nos «com o seu olhar e a sua voz», como outrora a alguns pescadores da Galileia, convida-nos a segui-Lo e confia-nos uma missão como servos do amor divino e servidores da Igreja – Comunhão.

Ninguém estranhe, por isso, que só o «amor eucarístico» possa sustentar e promover a pastoral vocacional e que as vocações surjam e cresçam, em número e qualidade, no Povo de Deus «onde há pessoas nas quais Cristo vivo e ressuscitado pode ser visto através da sua Palavra, dos sacramentos e, especialmente, na Eucaristia». Como aconteceu outrora com os discípulos de Emaús.

3. A escola dos discípulos de Jesus é sempre escola de comunhão. Aí se cinzelam as arestas e as marcas de um crescente individualismo dos tempos que vivemos e dos sonhos tecidos pelas nossas ambições mais mesquinhas.

Compreende-se, assim, que alguns dos lugares mais fecundos da vocação, para lá do ambiente de harmonia e de generosidade das famílias cristãs, sejam os campos tão diversificados de experiências de oração e de vida de grupos de jovens, de acção dos movimentos apostólicos, de percursos de missão de voluntariado missionário, de escolas com sábios projectos educativos, e de celebração da fé das comunidades cristãs onde o amor divino, a unidade eclesial e a comunhão fraterna se vivam, se sintam e se vejam.

Falar da vocação, acreditar na vocação, fazer-se continuamente discípulo de Jesus e companheiro de caminho dos chamados pode parecer navegar em mar revolto ou remar contra maré, lembra-nos o Santo Padre Bento XVI.

4. A vocação é sempre um mistério de conversão e um milagre de perseverança.

Para assim compreender a vocação basta reconduzirmo-nos à escola dos discípulos de Jesus. Para a aceitar, importa olharmos para nós mesmos e reconhecermos com humildade, com confiança e com serenidade que a mão de Deus nos conduz e diariamente nos fascina o desejo de seguir o Mestre. Só o que é definitivo nos torna felizes e nos abre horizontes de doação sem limites e de entrega sem cálculos, «dando profeticamente testemunho de Cristo e da sua mensagem libertadora de salvação».

5. São caminhos de conversão e de perseverança os que a Igreja quer percorrer e são múltiplos e diversificados já os sinais de esperança que se anunciam no horizonte da Pastoral Vocacional em Portugal.

Foi com sentido de esperança e com olhar de atenção a esses sinais, a que urge dar visibilidade, que a Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios solicitou ao Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional de Coimbra a elaboração dos subsídios pastorais para a Semana das Vocações. A ele se deve uma palavra de reconhecimento por esta bela experiência de comunhão em Igreja e por este acrescido trabalho ao serviço de uma única e igual missão: rezar com confiança e trabalhar com perseverança.

As Vocações merecem da Igreja esta solicitude permanente.

+António Francisco dos Santos

Bispo de Aveiro e Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios