Haverá ainda quem reze?

Se nos cristãos adultos a oração é expressão da intimidade, da relação afectiva, da elevação da alma, ou então do diálogo e conversa com Deus, porque será que o mesmo não o é nos adolescentes e jovens? Será a oração dos adultos muito exclusivista, centrada na pessoa que a faz, sem ser revelação de um amor vivido e também partilhado? Uma oração descomprometida, incapaz de vida convertida? Tudo isto leva ainda a outras questões: será que há realmente quem reze no sentido pleno da palavra? Ou seria melhor perguntar: como estamos nós a fazer oração?
O que realmente acontece é que para os adolescentes e jovens rezar é um peso. Parece não haver lugar para a relação ou para a intimidade. Rápida e tantas vezes mecânica a oração está desprovida de espírito, do sentido da relação, e sobretudo da proximidade e da presença de Deus. Pergunta-se então: o que faltará à oração da grande maioria dos homens?
Creio que não está a haver verdadeira transmissão do valor e sentido da oração, porque, se calhar e ao mesmo tempo, também não temos tido capacidade para fazer da oração comunitária o lugar educador para a confiança e familiaridade com Deus Pai. Há muito formalismo, muito ritualismo que, na maior parte das vezes, não chega ao coração. Descer ao coração e entrar no que é central à vida, há-de ser o trajecto da mente para estreitar e aprimorar a vida de amizade com Deus.
Sem descorar o que é ritual e sabendo da sua importância, não podemos deixar de introduzir no rito o dinamismo e a força de uma aventura arriscada no amor para chegarmos ao autêntico Amor; para escutarmos Aquele que nos fala ao coração; para vermos Deus a partir do nosso olhar interior; para que nos deixemos tocar e inundar da omnipresença de Deus. Falta-nos a sedução das palavras e o enlevo dos ritos. Falta-nos a beleza dos símbolos e a surpresa da música. Falta-nos a sensibilidade para fazer dos espaços de oração lugares apetitosos, lugares que dão sabor e gosto ao coração e à mente.
2 Comments:
E se o problema for exactamente o contrário: a perda de sentido do sagrado, o desprezo pelo hieratismo, a fuga ao transcendente?...
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Anónimo, at 2:29 da tarde
E se a oração for mesmo uma questão de adultos, exigindo maturidade de fé e compromisso existencial?
E se dos adolescentes e jovens não se deva esperar mais do que aprendizagem, exercitação, abertura de horizontes, familiarização com fórmulas e práticas, progressiva integração na comunidade?...
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Anónimo, at 2:40 da tarde
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