O Bom Pastor:

Formação do Clero da Arquidiocese de Braga

7.4.07

«Era um grande sábado aquele...»: silêncio de Deus, silêncio do homem

(Duccio di Boninsegna, Descida aos infernos, 1310)

«Hoje sobre a terra há um silencio grande: o Senhor morreu na carne e desceu para sacudir o reino dos infernos. Vai procurar Adão, o primeiro pai, como a ovelha perdida. O Senhor desce e visita os que jazem nas trevas e nas sombras da morte». (Epifânio).

«Aquele que disse a Adão ‘Onde estás?’ desceu aos infernos atrás dele, encontrou-o, chamou-o e disse-lhe: ‘Vem, tu que és à minha imagem e semelhança! Eu desci onde tu estás para te levar à terra da promessa» (Efrém, o Sírio).

«O cristão hoje não deveria esquecer este mistério do grande e santo Sábado, verdadeiro prelúdio para a Páscoa mas também leitura da descida de Cristo nas regiões infernais que habitam ainda todo o cristão, não obstante o seu desejo de sequela de Jesus. Quem não reconhece em si a presença destes infernos? Regiões não evangelizadas, territórios de incredulidade, lugares onde Deus não está e nos quais cada um de nós nada pode se não invocar a descida de Cristo para que os evangelize, os ilumine, os transforme de regiões de morte subjugadas ao poder do demónio em húmus capaz de germinar vida em força da graça. Assim o sábado santo é como o tempo da gravidez, é um crescer do tempo para o parto, para o triunfo da vida nova: o seu silencio não é mutismo mas tempo cheio de energias e de vida» (Enzo Bianchi)