O Bom Pastor:

Formação do Clero da Arquidiocese de Braga

23.2.07

A Igreja e a internet


Em 22 de fevereiro de 2002, precisamente publicado à 5 anos, John P. Foley, Presidente do Pontificio Conselho para as Comunicações Sociais, assinava uma nota sobre a Igreja e a internet. Aqui fica o início do texto e aqui o texto completo.

A Igreja e a internet

INTRODUÇÃO

1. O interesse da Igreja pela Internet constitui uma particular expressão do seu antigo interesse pelos meios de comunicação social. Considerando os meios de comunicação como o resultado do processo histórico-científico, mediante o qual a humanidade foi « progredindo cada vez mais na descoberta dos recursos e dos valores contidos em tudo aquilo que foi criado »,1 a Igreja tem declarado com frequência a sua convicção de que eles são, em conformidade com as palavras do Concílio Vaticano II, « maravilhosas invenções técnicas » 2 que já contribuem em grande medida para ir ao encontro das necessidades humanas e podem fazê-lo ainda mais.

Desta forma, a Igreja tem feito uma abordagem fundamentalmente positiva dos meios de comunicação.3 Mesmo quando condenam os abusos sérios, os documentos deste Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais têm-se esforçado por esclarecer que « uma atitude de pura restrição ou de censura por parte da Igreja... não resulta suficiente nem apropriada ».4

Citando a Carta Encíclica Miranda prorsus (1957), do Papa Pio XII, a Instrução Pastoral sobre os meios de comunicação social Communio et progressio, publicada em 1971, sublinhou que: « A Igreja encara estes meios de comunicação social como “dons de Deus” na medida em que, segundo a intenção providencial, criam laços de solidariedade entre os homens, pondo-se assim ao serviço da Sua vontade salvífica ».5 Este continua a ser o nosso ponto de vista e esta é a visão que temos acerca da Internet.

2. Na opinião da Igreja, a história da comunicação humana parece-se com uma longa peregrinação, que leva a humanidade « desde o projecto de Babel, baseado no orgulho, que acabou na confusão e incompreensão recíproca a que deu origem (cf. Gn 11, 1-9), até ao Pentecostes e ao dom de falar diversas línguas, quando se dá a restauração da comunicação, baseada em Jesus, através da acção do Espírito Santo ».6 É na vida, morte e ressurreição de Cristo, « é em Deus feito Homem, nosso Irmão, que se encontra o fundamento e o protótipo da comunicação entre os homens ».7

Os modernos meios de comunicação social constituem factores sociais que têm um papel a desempenhar nesta história. Como o Concílio Vaticano II salienta, « ainda que haja que distinguir cuidadosamente o progresso terreno e o crescimento do Reino de Cristo », contudo « este progresso tem muita importância para o Reino de Deus, na medida em que pode contribuir para uma melhor organização da sociedade humana ».8 Considerando os meios de comunicação social a esta luz, observamos que eles « contribuem eficazmente para unir e cultivar os espíritos, e propagar e afirmar o reino de Deus ».9

Hoje, isto é válido de forma especial no que se refere à Internet, que está a contribuir para promover transformações revolucionárias no comércio, na educação, na política, no jornalismo e nas relações transnacionais e interculturais — mudanças estas que se manifestam não só no modo de os indivíduos se comunicarem entre si, mas na forma de as pessoas compreenderem a sua própria vida. Num documento associado a este, intitulado Ética na Internet, abordamos estas questões na sua dimensão ética.10 Aqui, consideramos as implicações da Internet para a religião e, de maneira especial, para a Igreja católica.

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