Aos Sábados um filme: «Primavera, verão, outono, inverno... e de novo primavera»
Ninguém fica imune ao poder das estações e ao seu ciclo anual de nascimento, crescimento e envelhecimento. Nem mesmo dois monges que partilham um isolado mosteiro flutuante, num lago rodeado de montanhas. À medida que as estações se sucedem, todos os aspectos das suas vidas são insuflados com uma intensidade que os conduz ambos a uma enorme espiritualidade – e à tragédia. Porque também eles não conseguem resistir à escalada da vida, aos anseios, sofrimentos e às paixões que nos arrebatam a todos.
Esta é a jornada de um jovem monge de 10 anos, do qual nunca saberemos o nome, desde a sua infância até à maturidade. Sob o olhar atento do Velho Monge, o jovem monge experimenta a perda da inocência quando as brincadeiras se transformam em crueldade… o despertar do amor quando uma mulher entra no seu mundo fechado… o poder assassino do ciúme e da obsessão… o preço da redenção… a iluminação da experiência. Assim como as estações continuam a alternar até ao fim dos tempos, também o mosteiro permanecerá como a morada do espírito, suspenso entre agora e sempre. O monge adulto apenas vem a compreender os ensinamentos do seu velho professor quando recebe uma segunda oportunidade na vida.
«Spring, Summer, Autumn, Winter... and Spring», primeiro filme de Kim Ki-duk, realizador Coreano, utiliza a mudança das estações como uma metáfora para a vida. E se isso não é uma ideia original, é feito de uma forma particularmente invulgar: é um belíssimo filme. Mas essa beleza visual destina-se a amplificar emocionalmente a história, e a sua profundidade espiritual. Este filme levanta questões sobre a forma como vivemos e como as nossas acções e as da natureza podem ter consequências inesperadas anos mais tarde. É uma parábola que restaura a esperança de que o mundo possa enfrentar os seus problemas e retirar ilações para o futuro
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