O Bom Pastor:

Formação do Clero da Arquidiocese de Braga

14.3.07

Os divorciados recasados e a Igreja

(Rafaello Sanzio)


«A crise da instituição familiar encontra, no nosso tempo, uma das suas mais dramáticas expressões na fragilidade do vínculo matrimonial. Muitos casamentos, mesmo celebrados canonicamente entre fiéis católicos, acabam no divórcio civil e dão frequentemente origem a segundos casamentos por parte de ambos ou, pelo menos, de um dos cônjuges divorciados. A extensão do fenómeno e o facto de esse segundo casamento não poder ser sacramental, colocando os crentes em ruptura de consciência perante a Igreja como comunhão e caminho de fidelidade a Jesus Cristo, está a transformar-se num problema de grandes dimensões existenciais e, consequentemente, pastorais para a própria Igreja. […]
Partimos da afirmação clara da solicitude maternal da Igreja por esses seus filhos a quem as dificuldades da vida, aliadas à fraqueza humana, colocaram em situação difícil. A Igreja não os abandona e esforçar-se-á infatigavelmente por proporcionar-lhes os meios de salvação, porque “está firmemente convencida de que, mesmo aqueles que se afastaram do mandamento do Senhor e vivem agora nesse estado, poderão obter de Deus a graça da conversão e da salvação”. Isto mesmo lhes diz João Paulo II, em palavras repassadas de amor pastoral: “Saibam estes homens e estas mulheres que a Igreja os ama, não está longe deles e sofre pela sua situação”. Esse deve ser o primeiro fruto da nossa solicitude pastoral: fazer com que eles não se sintam abandonados ou excluídos da Igreja.»
(Conferência Episcopal Portuguesa, Carta Pastoral A Família, esperança da Igreja e do mundo, Maio 2004,nº 46)

As situações de casais divorciados recasados colocam questões delicadas sobretudo na participação na vida da Igreja. A Exortação Apostólica de Bento XVI, sobre a Eucaristia, afirma a centralidade da Eucaristia no ser e agir da Igreja, as consequências na vida matrimonial.
Neste documento, o Papa recorda que “o Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir aos sacramentos os divorciados re-casados, porque o seu estado e condição de vida contradizem objectivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia” (29). Todavia, sugere-se que cultivem um “estilo de vida cristão”, para o qual a solicitude pastoral deve contribuir.
Nos casos em que podem surgir dúvidas sobre a “validade do Matrimónio”, “deve fazer-se tudo o que for necessário para verificar o fundamento das mesmas”. Para isso, pede aos Tribunais Eclesiásticos uma a “actividade correcta e pJustificarressurosa” (29).

• Como temos conseguido ser testemunho ou estímulo da procura de um verdadeiro projecto de vida a dois, pautada por valores?
• Que ajudas tem a comunidade eclesial para fomentar a consciência e prevenção e oferecer apoio concreto a quem precisa: cursos para namorados, aconselhamento conjugal e familiar, estruturas de grupos de oração e entreajuda e outros encontrados a partir da especificidade da comunidade em causa?
• Como reconhecem as comunidades cristãs o direito dos divorciados recasados a uma vivência espiritual de modo a que não se sintam excluídos da Igreja?
• Como encaram os divorciados recasados a sua participação na vida da Igreja?

P.e Domingos Paulo Oliveira

1 Comments:

  • Gostei de ler o artigo.
    Fui casada 16 anos e vivia uma vida infernal.
    Hoje divorciada vivo uma vida marginal na minha igreja, sinto-me injustiçada, porém estou ciênte de que deus me ama.

    By Blogger Margarida, at 5:31 da tarde  

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