Ser Presépio é ser Família Solidária
O Dia evocativo da Sagrada Família aparece-nos, em termos de calendário, na época natalícia, num tempo em que todos deveríamos estar imbuídos de um espírito de família solidária em relação aos variados contextos em que nos movemos e nos inserimos, quebrando a obsessiva azáfama das compras dos presentes antes do 25 de Dezembro e agora da corrida às reduções e aos saldos, que nos confinam e desviam dos valores que deveríamos estar efectivamente a viver e a partilhar.
Nas nossas casas e comunidades, a tradicional representação do presépio, cuja ideia original, pelo que se presume saber, remonta a S. Francisco de Assis, que terá, em 1223, preparado uma surpresa (um presépio vivo) para as pessoas que iam à missa no mosteiro por si fundado, lembra essa referência nuclear para os católicos e poderá servir de mote para reflexões nos nossos ambientes intra e extra-familiares, pelo exemplo e testemunho de amor, união, diálogo, apoio, compreensão, perdão e solidariedade, que constituem para as famílias de todos os tempos e lugares.
Retomando a imagem da Sagrada Família, presente nos presépios que os nossos filhos foram construindo com tanto zelo e dedicação, facilmente dela inferimos uma atmosfera de calor humano, uma tácita linguagem de afectos que dispensa legendas ou morosas explicações. É esta mensagem de solidariedade natural e simples que deveria estar presente nas nossas famílias, fluir e, transbordando para fora dos seus limites, influenciar corajosamente todos os outros que nos rodeiam.
É esta mensagem de defesa da Vida, expressa na fragilidade de um recém nascido sobre uma manjedoura, destituída da materialidade que hoje julgamos indispensável para tudo e que muitos consideram requisito indispensável para não ter direito à vida, que não deveríamos temer defender. A fragilidade de uma criança, no interior ou exterior da mãe, deve ser motivo de acolhimento, de protecção, de solidariedade. Reconhecer essa fragilidade passa por criar mecanismos de defesa do ser humano que está sujeito a essa condição, nomeadamente a nível jurídico. Reconhecer a fragilidade da criança, bem como a do idoso, do doente, do marginalizado ou do que está só é tarefa das nossas famílias que tomam a Sagrada Família como exemplo, nomeadamente no tocante à postura de protecção.
Nos presépios que montámos na paróquia e em casa, há uma ideia que transparece inequívoca: um nascimento mobiliza todas as personagens. As nossas comunidades poderão tomar esse testemunho histórico e actuar da mesma forma acolhendo a Vida, protegendo a, regozijando se com essa perspectiva, comemorando a, apoiando a solidariamente, inequivocamente. Sejamos presépios vivos na sociedade fria e individualista em que nos inscrevemos. Aqueçamo-la com o calor do nosso exemplo, tal com a Sagrada Família o faz em relação às nossas crenças e convicções. Movidos por esse espírito, tenhamos todos um Bom Ano 2007!
Departamento Arquidiocesano da Pastoral Familiar
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