O Bom Pastor:

Formação do Clero da Arquidiocese de Braga

20.1.07

Oração pela Unidade


A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos – uma das iniciativas mais antigas, mais perseverantes e mais abrangentes do movimento ecuménico – é, sem dúvida, a mais fundamental representação do ecumenismo. De facto, após décadas de processo dialógico – por oposição a séculos de separação e mesmo de confrontos – as Igrejas envolvidas adquiriram consciência de que a unidade que perseguem é tudo menos fácil de conseguir. Em realidade, só um «milagre» pode realizá-la.
Ora, esse «milagre» possui, pelo menos, três «ingredientes» fundamentais: a acção transformadora do Espírito; o acolhimento dessa acção, por parte das Igrejas; a acção concreta de cada cristão. Com o primeiro elemento, poderemos contar sempre; com o segundo, algumas vezes, cada vez mais; com o terceiro, menos frequentemente. Mas o cerne da questão é que cada um deles só é possível se existirem os outros dois. A acção do Espírito é nula, se não for acolhida; e o acolhimento manifesta-se, precisamente, na acção própria.
O núcleo da súplica dos cristãos orienta-se, por isso, para que seja dada capacidade de acolher a própria acção do Espírito, trabalhando incansavelmente pela unidade. Por isso é que a oração é o caminho essencial de todo o processo: na medida em que impulsiona o acolhimento, na medida em que o manifesta e na medida em que realiza unidade.
Este ano, os cristãos são convocados a relembrar – a tornar presente, de modo vivo – o facto de que são chamados a escutar e a servir os seus irmãos humanos, todos, mas especialmente os que são inocente ou injustamente atingidos pelo sofrimento. Nisso, sentimo-nos unidos; nisso somos um só.
Mas somo-lo de modos diversos; e é bom que assim seja, mesmo se dentro de limites. Por isso, a oração pela unidade deverá suplicar ao Espírito o aumento da capacidade de construir unidade no respeito e mesmo na promoção da diversidade. Esse será o caminho do ecumenismo, ou não terá caminho algum.