Simpósio do Clero em Fátima: A recomendação da vida em comum nas suas múltiplas manifestações
Vivemos num tempo em que se valoriza muito, a vários níveis o aspecto comunitário, colectivo, ou associativo, conforme as circunstâncias e características de vida e objectivos dos seus intervenientes. Não é de estranhar que também estes factores se apliquem à vida eclesiástica e sacerdotal.
Vamos cingir-nos ao nosso âmbito de vida eclesial e à situação do presbítero neste contexto social, cultural e até religioso, em que vive, tendo em conta a sua especificidade.
Podemos recuar no tempo e encontrar as raízes da genuína experiência dos primeiros presbíteros, i. é., os Apóstolos com o Mestre nesta forma de vida e formação. Creio que esta foi a primeira e mais profunda experiência de vida em comum: desde a escolha livre e pessoal, constituição do grupo, terminando com o envio de “dois a dois”. Se tivermos presente as exigências e recomendações feitas pelo Mestre quanto ao seu estilo de vida, concluímos facilmente que só em comum poderiam superar as naturais dificuldades que surgiam a todos os níveis.
Nos Actos dos Apóstolos, vemos a vida das primeiras comunidades cristãs e as características da vida comunitária, com especial referência à comunhão de bens entre todos.
Através dos tempos a Igreja procurou sempre cultivar este estilo de vida, nomeadamente nas várias formas de vida religiosa, em que a dimensão comunitária é fundamental. O aparecimento dos Seminários Diocesanos, após o Concílio de Trento procurou criar de algum modo um estilo de certa vida em comum na formação dos futuros presbíteros; porém, nunca se valorizou suficientemente esta faceta, vindo mais em relevo o agrupar em edifícios (seminários) os futuros sacerdotes, acentuando mais a sua preparação doutrinal, vivida de forma individual, do que a experiência de vida em comum.
Foi de modo muito particular só a partir do Concílio Vaticano II que veio mais em relevo este estilo de vida em comum, também aplicada aos sacerdotes diocesanos, sem confundir com a vida religiosa, mas que fosse uma resposta aos novos desafios.
O decreto sobre o Ministério e a Vida dos Sacerdotes (“Presbyterorum Ordinis”), dedicou o nº8 expressamente à vida em comum, que pode ser encarada e vivida em várias situações. Vale a pena citar textualmente alguns pontos: “…Animados de espírito fraterno, os presbíteros não esqueçam a hospitalidade, cultivem a beneficiência e comunhão de bens, tendo particular solicitude com os doentes, os atribulados, … Reúnam-se também espontâneamente e com alegria, para o descanso do espírito. … procure-se entre eles algum modo de vida comum, ou alguma convivência, que podem revestir várias formas, conforme as necessidades pessoais ou pastorais; por exemplo, habitar juntos, ou tomar refeições em comum, ou pelo menos ter reuniões frequentes e periódicas. Devem ter-se em especial apreço e promover diligentemente as associações, que com estatutos aprovados pela competente autoridade eclesiástica promovem a santidade dos sacerdotes no exercício do ministério, por uma apropriada regra de vida e ajuda fraterna…”
Mais tarde, o novo Código de Direito Canónico, diz expressamente no can. 280: “Muito se recomenda aos clérigos alguma forma de vida comum, a qual onde esteja em uso, se há-de conservar quanto possível.”
Depois é a Congregação para o Clero, no Directório para o Ministério e Vida dos Presbíteros, que referindo toda a doutrina anteriormente promulgada, insiste de forma particular no aproveitamento das várias modalidades da vida em comum, pondo em relevo a oração litúrgica em comunidade, sem a confundir com o estilo e prática específica da vida religiosa.
Recentemente, a Carta Apostólica do Papa João Paulo II, “Novo Millenio Ineunte” nas directrizes traçadas para toda a Igreja do Terceiro Milénio afirma, no nº 43: “Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que nos espera no milénio que começa, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo”.
Após esta breve síntese dos documentos do Magistério, é clara a orientação da Igreja sobre a vida dos sacerdotes focalizada neste aspecto de vida comum, embora não se imponha; daí a necessidade e vantagem que surjam várias experiências, partindo da livre iniciativa dos sacerdotes, muitas vezes estimulados e apoiados por algumas espiritualidades que formam neste sentido os seus membros. Aliás toda a vida em comum surge como expressão do próprio mistério da Igreja-comunhão.
É verdade que se o sacerdote não fizer esta experiência de vida comum, em qualquer dos vários aspectos referidos, terá muita dificuldade prática em ser ele mesmo artífice e líder de comunidades autênticas.
Este estilo de vida deve ser encarado numa perspectiva de realização e felicidade pessoal que muitos podem encontrar, tendo em conta o querer e pensar da Igreja hoje e abrindo também caminhos para experiências pastorais muito úteis em vários sentidos, até com benefícios para as comunidades paroquiais etc. Suponho que é por aqui que se deve começar e investir na formação dos agentes da pastoral, que depois de uma experiência de comunhão de vida no campo espiritual, podendo também chegar a alguma comunhão de bens materiais, sentirão como natural a concretização das “unidades pastorais”, que devem assentar num estilo de vida já testado e com provas da eficácia que traz a vida em comum no Presbitério; portanto devem ser mais fruto de uma expressão de vida, do que uma estrutura pastoral.
É preciso não temer experimentar, pois só assim se pode depois ter a ousadia de propor algo de vivo e actual às comunidades.
Vamos cingir-nos ao nosso âmbito de vida eclesial e à situação do presbítero neste contexto social, cultural e até religioso, em que vive, tendo em conta a sua especificidade.
Podemos recuar no tempo e encontrar as raízes da genuína experiência dos primeiros presbíteros, i. é., os Apóstolos com o Mestre nesta forma de vida e formação. Creio que esta foi a primeira e mais profunda experiência de vida em comum: desde a escolha livre e pessoal, constituição do grupo, terminando com o envio de “dois a dois”. Se tivermos presente as exigências e recomendações feitas pelo Mestre quanto ao seu estilo de vida, concluímos facilmente que só em comum poderiam superar as naturais dificuldades que surgiam a todos os níveis.
Nos Actos dos Apóstolos, vemos a vida das primeiras comunidades cristãs e as características da vida comunitária, com especial referência à comunhão de bens entre todos.
Através dos tempos a Igreja procurou sempre cultivar este estilo de vida, nomeadamente nas várias formas de vida religiosa, em que a dimensão comunitária é fundamental. O aparecimento dos Seminários Diocesanos, após o Concílio de Trento procurou criar de algum modo um estilo de certa vida em comum na formação dos futuros presbíteros; porém, nunca se valorizou suficientemente esta faceta, vindo mais em relevo o agrupar em edifícios (seminários) os futuros sacerdotes, acentuando mais a sua preparação doutrinal, vivida de forma individual, do que a experiência de vida em comum.
Foi de modo muito particular só a partir do Concílio Vaticano II que veio mais em relevo este estilo de vida em comum, também aplicada aos sacerdotes diocesanos, sem confundir com a vida religiosa, mas que fosse uma resposta aos novos desafios.
O decreto sobre o Ministério e a Vida dos Sacerdotes (“Presbyterorum Ordinis”), dedicou o nº8 expressamente à vida em comum, que pode ser encarada e vivida em várias situações. Vale a pena citar textualmente alguns pontos: “…Animados de espírito fraterno, os presbíteros não esqueçam a hospitalidade, cultivem a beneficiência e comunhão de bens, tendo particular solicitude com os doentes, os atribulados, … Reúnam-se também espontâneamente e com alegria, para o descanso do espírito. … procure-se entre eles algum modo de vida comum, ou alguma convivência, que podem revestir várias formas, conforme as necessidades pessoais ou pastorais; por exemplo, habitar juntos, ou tomar refeições em comum, ou pelo menos ter reuniões frequentes e periódicas. Devem ter-se em especial apreço e promover diligentemente as associações, que com estatutos aprovados pela competente autoridade eclesiástica promovem a santidade dos sacerdotes no exercício do ministério, por uma apropriada regra de vida e ajuda fraterna…”
Mais tarde, o novo Código de Direito Canónico, diz expressamente no can. 280: “Muito se recomenda aos clérigos alguma forma de vida comum, a qual onde esteja em uso, se há-de conservar quanto possível.”
Depois é a Congregação para o Clero, no Directório para o Ministério e Vida dos Presbíteros, que referindo toda a doutrina anteriormente promulgada, insiste de forma particular no aproveitamento das várias modalidades da vida em comum, pondo em relevo a oração litúrgica em comunidade, sem a confundir com o estilo e prática específica da vida religiosa.
Recentemente, a Carta Apostólica do Papa João Paulo II, “Novo Millenio Ineunte” nas directrizes traçadas para toda a Igreja do Terceiro Milénio afirma, no nº 43: “Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que nos espera no milénio que começa, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo”.
Após esta breve síntese dos documentos do Magistério, é clara a orientação da Igreja sobre a vida dos sacerdotes focalizada neste aspecto de vida comum, embora não se imponha; daí a necessidade e vantagem que surjam várias experiências, partindo da livre iniciativa dos sacerdotes, muitas vezes estimulados e apoiados por algumas espiritualidades que formam neste sentido os seus membros. Aliás toda a vida em comum surge como expressão do próprio mistério da Igreja-comunhão.
É verdade que se o sacerdote não fizer esta experiência de vida comum, em qualquer dos vários aspectos referidos, terá muita dificuldade prática em ser ele mesmo artífice e líder de comunidades autênticas.
Este estilo de vida deve ser encarado numa perspectiva de realização e felicidade pessoal que muitos podem encontrar, tendo em conta o querer e pensar da Igreja hoje e abrindo também caminhos para experiências pastorais muito úteis em vários sentidos, até com benefícios para as comunidades paroquiais etc. Suponho que é por aqui que se deve começar e investir na formação dos agentes da pastoral, que depois de uma experiência de comunhão de vida no campo espiritual, podendo também chegar a alguma comunhão de bens materiais, sentirão como natural a concretização das “unidades pastorais”, que devem assentar num estilo de vida já testado e com provas da eficácia que traz a vida em comum no Presbitério; portanto devem ser mais fruto de uma expressão de vida, do que uma estrutura pastoral.
É preciso não temer experimentar, pois só assim se pode depois ter a ousadia de propor algo de vivo e actual às comunidades.
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